Clownfunding


Depois do sucesso da operação de crowdfunding que se mostrou ser o nosso irs para a fazenda nacional, e face aos últimos desenvolvimentos da realidade, também chamados de actualidade, penso que se abriu o caminho para criar uma nova forma de financiamento ligada à palhaçada produzida constantemente pela bolha das notícias. Descoberta a nossa vocação científica mais recente, a panteaologia, cada português deve agora dedicar uma parte do seu tempo e talento a discernir quais os féretros que merecem ou não arrendamento vitalício em local de pompa & destaque. Depois de dada esta contribuição para o bem-estar da nação consigo própria (todos podemos ser alain’s botton da pátria), devemos concentrar a nossa wisdom of the crowds no discernimento de todas as possibilidades (versão moderna de direitos) ainda não totalmente ao dispor da paneleiragem, para que estes se sintam benzinho, confortáveis e inclusivamente sem necessidade de planos cautelares. Sendo certo que esta será uma batalha sem fim, pois haverá sempre um paneleiro que se sentirá marginalizado por não estar a ser sodomizado em condições pelos do seu género, julgo que para intercalar poderemos dedicar-nos a decidir quais os meios de transporte que um chefe de estado poderá usar com dignidade para uma escapadela da primeira dama e, se é certo que a lambreta está completamente afastada, apanhar a carreira 28 ou o cacilheiro ainda parecem opções perfeitamente referendáveis. E como não há palhaçada que sobreviva sem drama, a realidade encarregou-se de o ir desencantar nas praxes das ondas do mar. Mas nada disto faria sentido se Rebelo de Sousa não nos brindasse ainda com mais uma pirueta, tendo inclusivamente prometido que se tiver amantes as leva todas as tardes aos pastéis de belém e de mão dada. O povo então que decida: ou quer uns gatafunhos do miró na mão ou dois paneleiros a voar. Valha-nos Sãoramago, agora entre os anjos a amaldiçoar as forças do mercado.